Quando o homem se perde com relação as verdades do mundo, há tanto tempo ensinadas por nossos pais, avós, pela Igreja, ele se desgoverna, perde a sua referência por achar que ele em si é a referência de tudo, a auto-referência é um erro que tem contaminado o mundo todo.
Ter-se como auto-referência é algo que nos esvazia intensamente e sendo assim, buscaremos procurar qualquer coisa que nos "preencha" o vazio, que satisfaça por pelo menos uns instantes o sentido de viver que se perdeu, ou até mesmo, já não mais importaremos com os parâmetros que nos deveriam ser os mais caros, a vida e a morte.
Já não se quer viver muito mais, a vida se torna sofrida, arrastada, tudo porque nos esquecemos da nossa posição no mundo e que as nossas referências devem ser o próximo, a família, a Igreja, a cidade, a sociedade e sobretudo, de maneira especial, Deus.
Abandona-se todas as referência, todas as medidas que nos forjam como nós mesmos, não somos mais presença de um todo, somos um quase nada querendo que o todo gire em torno da gente. E isso nos é mortal.
Somos feitos a imagem e semelhança de Deus e Deus se fez um de nós e é isto que é referência, o resto é parte de um complexo que se origina do coração de Deus, como eu disse acima, o nosso próximo, a família, a Igreja, a sociedade e claro que não vamos esquecer da gente mesmo neste admirável complexo do qual fazemos parte.
Esquecemos facilmente que o nosso ideal não é fazer o que brota do fundo do nosso coração egoísta, mas que a felicidade é fazer tudo aquilo que brota do coração de Deus e não há recompensa maior, mesmo que precisamos matar em nós, a duros e difíceis golpes o nosso egoísmo, a inveja, as nossas mentiras, a nossa auto-referencialidade. Não é fácil fazer-se "eunuco" pelas coisas de Deus, não é fácil pensar que devemos "morrer para nós mesmos para viver eternamente". Há uma certa dor na morte dos nossos impulsos, há uma certa dor porque somos demasiadamente inseguros e buscamos seguranças frágeis e tememos por abrir mão delas. Agarramo-nos em qualquer galho seco que se nos aparenta segurança. Mas com certeza iremos cair e esborrachar no chão, morreremos um morte involuntária.
Se nos esquecemos da referência da vida e da morte (no sentido amplo) ou no sentido da nossa vida e da nossa morte, nos esquecemos que a vida nos dá diariamente, várias vezes ao dia, chances de mudar os rumos, de querer fazer o certo, de abandonar os erros, os vícios. Mas a morte não, a morte não da chances e quando ela chega é irrevogável, pelo menos no presente momento. Se nos esquecemos disso, esqueceremos do quanto podemos mudar a nossa vida, o quanto podemos nos realocar naquele complexo de coisas que nos forjam, que nos formam, que faz de cada um de nós mais cada um de nós.
Não nos esqueçamos das referências desta vida, ou seja da vida e da morte, da família, do nosso próximo, de nós mesmos neste ambiente e não esqueçamos de Deus, que tem a primazia de toda a nossa referência, pois Deus é amor e todo amor brota do coração Dele e se quisermos, este amor invadirá o nosso coração, pequenino vaso com uma grande poção mágica, o amor a ser doado, multiplicado...
Aquele que tentar salvar a sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á. (São Mateus 10, 39)