Caros Irmãos,
Saudações em Cristo Jesus, confiemo-nos eternamente às suas mãos misericordiosas.
Quando lemos os acontecimentos bíblicos que envolvem os primeiros cristãos e as suas primeiras comunidades, criamos em mente uma definição perfeita de Igreja, vemos um heroísmo maravilhosamente inspirado na confiança do Senhor. O que fazia acontecer tamanha afinidade entre os primeiros cristãos e Deus? A honestidade no crer e a plena confiança em tudo que havia acontecido há pouco tempo, Deus havia se encarnado. Grande loucura a dos primeiros cristãos, desafiaram tudo e todos, não se apegaram demasiadamente a razão e souberam viver a Fé de forma viva, viviam a intimidade com o Ressucitado. Se pensarmos profundamente naqueles tempos e trazermos tudo isso aos dias de hoje, veremos que estamos apaixonados por aqueles primeiros cristãos, mas as nossas convicções pessoais não nos ligam e nem nos deixam estarmos próximos deles. Enquanto os primeiros cristãos desafiaram toda a lógica ao crer em um Deus que se fez homem e que pelos homens morreu, hoje somos extremamente racionais em nossas convicções e essa não nos permite viver o fervor dos primeiros cristãos e nem nos permite nos entregar a uma perfeita intimidade com o mesmo Senhor, Filho de Deus, encarnado no ventre de uma Virgem, que viveu como nós e por nós morreu pendurado numa cruz dolorosa, mas que no terceiro dia ressucitou e depois subiu aos céus e hoje está sentado a direita de Deus Pai. Da mesma forma que se encontra o Cristo na Igreja primitiva encontra-se ainda nos dias de hoje, mas nós somos extremamente cautelosos a nos entregar a Ele. Devido a essa cautela, com um racionalismo(dado pelo próprio Senhor para que soubessemos buscar a verdade em nossas limitações) temos uma grande afeição àqueles homens desafiadores dos primeiros tempos do Cristianismo.
A loucura daqueles homens entregues totalmente a Deus e ao seu mistério refletem em nós mesmos nas nossas deficiências e dificuldades. Para eles não existia uma realidade virtual, necessidades exageradas, em tudo colocavam o Senhor e a sua Palavra em primeiro lugar. E hoje nós somos apegados, buscamos sempre o mínimo de segurança futura, já não conseguimos enxergar a verdadeira caridade existente nos primeiros tempos, queremos, mas não conseguimos obtê-la por nossa própria liberdade de escolha, que sempre se acomoda no minimo de conforto, do qual pensando ser sempre o minimo necessário, não abrimos mãos.
"A multidão de fiéis era um só oração e uma só alma.Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum.(At 4,32)" "Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e cresciam em número dia a dia.(At 16,5)"
Grandes erros foram causados pela interpretação ficcional destes dois versículos citados e de outros com o mesmo contexto. Muitos homens conseguiram com eloqüentes pregações que a Igreja precisaria voltar a viver como as primeiras comunidades cristãs. Mas vemos no fundo que essa interpretação não convém nem a nós e nem a comunidade dos primeiros cristãos, a resposta mais certa seria que nós devemos estar íntimos do Senhor como aqueles homens naquelas comunidades.
Quando nos optamos pela forma daquelas comunidades acabamos por caricaturizar o cristianismo e esquecemos o ponto principal e vivo, o que tornava aquelas comunidades vivas era uma verdadeira adesão aos mistérios de nossa Fé, que é a mesma Fé daqueles homens e mulheres.
Não falta exemplos de pretensos reformalistas que partem deste pressuposto, e talvez o maior deles seja Lutero, com suas idéias reformistas, que lançou com tanta força a idéia de voltarmos aos moldes primitivos da Igreja e suas comunidades que acabou por alterar a Doutrina dos Apóstolos e causou a divisão dos fiéis, algo muito combatido naquelas mesmas comunidades, que não eram perfeitas, e nelas existiam tantos problemas quanto os dias de hoje.
A diferença que hoje direta ou indiretemante muitas pessoas conhecem a história de Cristo, muitos aceitam de forma semelhante a daqueles homens e outras tem dúvidas ou se sentem indiferentes, mas naquela época era mais dificil, pois era a novidade da redenção dos homens, tinham que se expor muito para pregar a redenção aos homens, que veio ao mundo por vontade de Deus Pai, concebido por obra do Espírito Santo(o mesmo que falou pelos profetas) no seio da Virgem Maria, nasceu em Belém, numa manjedoura, seu pai protetor chamava-se José, e o nome do menino era Jesus, conhecido como Jesus de Nazaré, "era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo mundo"(Lc 24, 19). Ele revelou todas a coisas do Pai e nos trouxe a Salvação eterna, que só se dá por meio Dele, pois foi fiel até a morte de Cruz e ressucitou ao terceiro dia e subiu aos céus, onde está assentado a direita do Pai.
Vemos uma decidida Fé naqueles homens que não é comum nos dias de hoje, muitas vezes porque uma das nossas principais características no dia de hoje seja a necessitade de relativisar a verdade, isso é, sermos menos intimos de nós mesmos para não sermos diferentes dos que não crêem, os que não crêem hoje em dia possui um privilégio, pois tem suas convicções respeitadas , enquanto os que crêem no Cristo e na Verdade possui suas limitações.
As mesmas ou semelhantes limitações que tinham os apóstolos e os disicpulos das comunidades primitivas. Mas nós exaltamos muito a coragem daqueles tempos para justificar a nossa falta de coragem nos dias dias de hoje. Reconhecer o mesmo Cristo e ter a mesma Fé dos primeiros tempos, essa é a atitude que devemos ter, e não copiar as formas, que serão fadadas a esterilidade.
Quais os nossos desafios de hoje? Qual a nossa coragem? Qual é a nossa Fé? Qual é a sinceridade de nossa Fé? Qual a nossa relação de amor com o mesmo Cristo das primeiras comunidades e que é o mesmo Cristo dos dias de hoje? São questões que devemos nos aprofundar pessoalmente, para que se criem comunidades ligadas a Fé e a Verdade. As comunidades eram constituídas e construídas por homens e mulheres, discípulos de Cristo, mas quem edificava e edifica é Deus. As pessoas não eram arrastadas por propósitos revolucionários, mas por adesão a verdade pela Fé em Cristo.
Hoje ainda, pela sabedoria de Cristo que sabia que as dificuldades tanto daqueles tempos quanto as dificuldades de hoje seriam as mesmas soube preparar o Caminho para que o homem em sua insignificância e insconstância permanecesse Nele e Ele em nós, isso é perfeitamente refletido na Santa Igreja Católica Apostólica Romana, com seu Sagrado Magistério e na autoridade dos Bispos, nos Sacramentos, na Santa Missa, nos Livros do Santo Evangelho, na Sagrada Tradição, na pessoa do Papa que é simbolo de unidade daqueles que com Cristo, por Cristo e em Cristo se congregam.
Os mesmos recursos dados aos primeiros discipulos nos são dados igualmente nos dias de hoje, basta termos e vivermos com a mesma fé, com o mesmo coração e com o com a mesma alma que viviam aqueles primeiros cristãos, não precisamos copiar as mesmas dificuldades e características comunitárias dos primeiros tempos, pois as temos nos dias atuais, as dificuldades e os recursos que eles tinham também temos ainda hoje. Ser cristão é sempre desafiar a si mesmo, conhecer a si mesmo e a nossa dignidade de Filhos de Deus em qualquer tempo.
"Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus(Ecl 3,1)."
Devemos ter um sério cuidado com aqueles que propõe a voltar aos tempos da Igreja Primitiva e de forma semelhante viver. A propósta sempre parece ser cativante desde o primeiro momento, mas a cada tempo a sua dificuldade, a cada dia seu próprio bem e o próprio mal. A idéia romântica vem justamente por não querer ser cristão nos desafios de hoje e achar que os desafios já vencidos eram mais nobres, mais fáceis dos que os desafios nossos. O desafio vencido pelos outros é exemplo que temos dos nossos próprios desafios, não significa que teremos que roubar os desafios vencidos outrora para recerbemos o mesmo galardão que o Senhor concede aos seus Santos.
Hoje em dia vemos mais linhas usando a mesma argumentação, pregando a divisão(mesmo que imposta) de bens particulares, baseando-se nos primeiros versículos citados neste texto. Voltar aos tempos da Igreja Primitiva, sugerindo que a Igreja Católica Apostólica Romana tenha se desviado do caminho, mas esquecem que quem nos oferece os mesmos recursos confiados aos primeiros discipulos é justamente a Igreja a qual eles apisinham violentamente.
Esquecem que o importante é termos a mesma Fé, mas isso não importa, aliás, há pessoas que pregam um comunismo "cristão" onde o que importa são os bens materiais em comum e o conforto, dissipam desse cenário a Cruz e o que menos importa a esse tipo de pensamento é a Fé e muito menos a Fé na Igreja de Cristo. Infelizmente, estes argumentos ainda mexem com o imaginário das pessoas, que adotam um pensamento contrastante com a atualidade em que vivem, como eu disse, talvez mais para arrumar argumentos e fugir das verdadeiras obrigações de cristãos do que viver a Fé, a mesma ontém, hoje e amanhã.
"Todas essas coisas se regozijam com as ordens do Senhor, e mantêm-se prontas sobre a terra para servir oportunamente, e, chegando o tempo, não omitirão uma só de suas palavras. Por isso, desde o princípio estou firme em minhas idéias; refleti e as escrevi. Todas as obras do Senhor são boas; ele põe cada coisa em prática quando chega o tempo. Não há razão para dizer: Isto é pior do que aquilo, porque todas as coisas serão achadas boas a seu tempo. E agora, de todo o coração e com a boca, cantai e bendizei o nome do Senhor!(Eclo 39, 37, 41)"
É bem verdade que o Papel da Igreja também se fundamento no serviço e na Caridade, e não deve ser objeto de propriedade particular de grupos, mas sim de toda a Igreja, ajudar os mais pobres, atendê-los em suas necessiadades mais urgentes, promover a justiça com justiça e caridade, nunca com revoluções ou cismas.
Não sejamos inocentes levados pelo vento das ideologias humanas, nos apeguemos à Arvore e nela produzamos com Fé os frutos de justiça e de paz.
"Faze crescer a tua vontade em nós, a fim de que encontremos o caminho da verdadeira liberdade, a fim de que todos nós caminhemos para Ti. Seja feita a tua vontade na terra como no céu, 'a fim de que dela seja banido todo erro, nela reine a verdade, o vício seja destruído, a virtude floresça novamente, e que a terra não mais seja diferente do céu." São João Crisóstomo
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